
Como funciona?
● O Atendimento psicológico à distância é permitido?
Sim. O Conselho Federal de Psicologia, com a Resolução 11/2018, e a Resolução 04/2020, regulamenta a prestação de serviços psicológicos realizados por meios de tecnologias da informação e da comunicação feitos por psicólogas (os).
● Quais motivos têm as pessoas para procurar atendimento psicológico on-line?
Evidentemente que os motivos que nos levam a tomar uma decisão tem a ver com nossa subjetividade. Porém existem alguns fatos pontuais, bem específicos que influenciam a busca por atendimentos on-line, como por exemplo:
》 Quem vive em uma metrópole como São Paulo, que quer evitar os longos trajetos num trânsito cada vez mais caótico, encontrando dificuldades para estacionar, ou que faz o trajeto de transporte público e que quer evitar aglomerações.
》 Poder escolher iniciar tratamento com profissionais que estão em uma região distante da residência.
》 Pessoas que tinham dificuldade de locomoção, ou que estão acamadas, também serão beneficiadas pelos atendimentos virtuais, pois basta acessar o computador, ou até mesmo o celular, para entrar em contato com o profissional.
》 Brasileiros que moram fora do país e que buscam por atendimento em sua língua materna.
》 Pacientes que se mudaram para uma outra cidade/estado/país podem manter os atendimentos com o mesmo profissional que já vinham fazendo o tratamento.
》 Tempo: aquela pessoa que gostaria muito de fazer um acompanhamento psicológico mas não chegaria a tempo na sessão devido à distância do trabalho-casa-consultório.
》Situações em que o isolamento social se torna necessário (covid-19, por exemplo), fazendo com que o acolhimento, cuidado com a saúde mental e tratamento sejam de fundamentais importância.
● Quais motivos têm as(os) Psicólogas (os) para atender on-line?
Levando em consideração que nosso código de ética profissional, entende que “ toda profissão define-se a partir de um corpo de práticas que busca atender demandas sociais, norteado por elevados padrões técnicos e pela existência de normas éticas que garantam a adequada relação de cada profissional com seus pares e com a sociedade como um todo.” Além disso, o código de ética profissional não é um conjunto fixo de normas e imutável no tempo, pois “as sociedades mudam, as profissões transformam-se e isso exige, também, uma reflexão contínua sobre o próprio código de ética que nos orienta”.
Portanto, ao psicólogo cabe atentar-se às mudanças históricas, culturais, sociais que o próprio tempo imputa à sociedade como um todo para então adequar-se à realidade na qual vive e trabalha além de oferecer o que a Psicologia propõe como ciência, profissão e ética.
Assim como para as demais profissões, é fundamental que a Psicologia esteja alerta ao mundo em transformação adaptando-se às demandas dos diferentes grupos sociais, promovendo acessibilidade e ser acessível hoje em dia também significa estar conectado à tecnologia.
● A tecnologia poderia facilitar o diálogo, a resolução de problemas e a aproximação entre as pessoas?
Após o advento dos microcomputadores e da internet, a realidade virtual está presente na nossa sociedade, pertencente à revolução tecnológica. Há alguns anos as pessoas já vêm se comunicando por meios de mensagens eletrônicas, redes sociais e aplicativos, dentre outros. Portanto, esses meios de comunicação já fazem parte da realidade da nossa sociedade, facilitando contatos com familiares e amigos que estão distante de nós, e já vinham fazendo parte do cotidiano de algumas empresas pequenas e multinacionais, com reuniões à distância, inclusive com funcionários que residem em outros países.
Diante de inúmeros modos de nos comunicarmos uns com os outros, uma hora essa realidade chegaria aos consultórios clínicos de psicologia.
● E a privacidade? Como fica?
Ao profissional cabe observar seu código de ética e as resoluções que regulamentam a prática do atendimento on-line. Nosso código de ética afirma em seu 9º artigo que “É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional.”
Ou seja, em relação ao cuidado com a privacidade do paciente nada deve mudar.
O que muda tem a ver com o que chamamos de setting terapêutico: a clínica do psicólogo, montada com zelo e aconchego, que tem aquela porta que se fecha separando a recepção (e quem lá está) da sala de atendimento, evidenciando a privacidade necessária que convida o paciente a revelar sua vida e sua intimidade deve ser preservada de alguma forma. Preservada, porém de uma forma nova, criativa.
O psicólogo estará em seu próprio consultório ou em outro lugar como sua residência, mas aquela porta fechada continua a existir, e os fones de ouvidos podem ser ótimos parceiros nesta empreitada.
A novidade é que o paciente é ativo neste processo, pois em seu ambiente poderá recriar o setting terapêutico que proporciona sua privacidade.
E neste ponto, cada um faz a seu próprio modo, criando sua própria moda:
Há quem consiga fazer em casa, sozinho.
Há quem precise fechar portas.
Há quem se sinta mais a vontade se colocar um rádio do lado de fora da porta (reproduzindo a clínica do psicologo!).
Há quem fique na sacada,
Há quem faça a sessão em um cômodo qualquer,
Há quem prefira o carro.
Mas há, certamente, o fato de que a criatividade é a grande aliada neste momento. O fundamental é que quem fala possa ser escutado e sentir-se acolhido e com sua privacidade mantida.
● O atendimento é feito por câmera ou áudio ?
Não existe uma regra geral que funcione para todos os casos e situações. É importante que o psicólogo avalie quais os benefícios para cada paciente.
Quando se trata de uma primeira entrevista entre o psicólogo e o paciente, o uso da câmera pode ser mais interessante. E após isto, no decorrer do tratamento, é através da escuta que o profissional fará que tornará possível as intervenções necessárias ao avanço do processo terapêutico. E uma delas pode ser, inclusive, substituir a câmera pelo áudio.
Pode acontecer de o paciente já estar sob tratamento, indo fisicamente à clínica do psicólogo e por algum motivo (uma longa viagem, mudança de cidade ou país, isolamento devido ao covid-19) o atendimento precisa ser modificado para o online. A decisão cabe ao profissional que avaliará a melhor forma de atendimento naquele caso especifico. Porém esta decisão inclui escutar o paciente: algumas pessoas se sentem mais a vontade com o áudio, outras preferem câmera. Evidentemente essas são questões que podem ser dialogadas pois envolvem a subjetividade.
Há situações em que a internet pode estar indisponível e o atendimento pode realizar-se por meio telefônico.
Portanto, há possibilidades tecnológicas para realização deste trabalho e existem as condições de cada sujeito, que devem ser avaliadas cuidadosamente para que a forma mais adequada seja escolhida.
● Atendimento no consultório X atendimento on-line. O que escolher?
Provavelmente não exista a melhor ou a pior forma de trabalho psicológico. Existem as formas de trabalho e existem as pessoas, que por motivos subjetivos (que diferem para cada um), preferem uma forma à outra. Decisão esta, inclusive, que pode mudar com o tempo e com as contingências. Exemplos disso são os atendimentos realizados de forma online durante a pandemia do COVID-19: quem preferia ser atendido pessoalmente no consultório não teve opções (devido ao necessário isolamento) para continuar o tratamento que não fosse de forma on-line. E muitos puderam mudar de opinião.
O próprio trabalho que você pretende realizar com um psicólogo irá te colocar diante de perguntas e mais perguntas o tempo todo! São elas que podem nos fazer caminhar e construir novas coisas.
Mas então … o que escolher? A resposta não é definitiva, mas para encontrá-la é preciso se deparar com uma pergunta maior cuja resposta somente cabe a você: o que você deseja?
?
